A. Discípulos de Madre Paula
- Details
- Written by Administrator
.A.
DISCÍPULOS DE MADRE PAULA ELISABETE CERIOLI
60. “Levantais e as elevais suavemente a Deus, representando-o a elas bom, Santo, misericordioso, liberal e não contristais seus corações, não empobreçais sua inteligência, pregando-o a cada momento se é verdadeiro, terrível, sempre pronto a punir e a castigar por cada pequena falha. Eu gostaria que as Irmãs da Sagrada Família e também as Filhas de São José, amassem, temessem, servissem, referissem a Deus, somente por amor, por reconhecimento, por gratidão, porque ele é Pai, criador, benfeitor: nunca, nunca por simples temor servil”.
61. O anuncio da paternidade/maternidade de Deus para cada homem é um dos centros do carisma Sagrada Família. A imagem da paternidade espiritual é a síntese da reflexão espiritual da fundadora, a Santa Paula Elisabete Cerioli. Ela não constitui somente a referência para uma ação educativa, mas descreve todo o estilo do apostolado “Sagrada Família”. No âmbito educativo a atenção à paternidade espiritual exprime antes de mais nada a origem de todo empenho educativo. Reenvia à paternidade de Deus da qual toda paternidade tem origem, assim cada cuidado educativo, para o cristão e com maior razão, para o discípulo de Paula Elisabete Cerioli, recebe sua fundamentação. No educador-professor Sagrada Família, o educando deve estar na altura de encontrar os traços da paternidade de Deus, de sua benevolência, de sua misericórdia, de sua justiça.
Cuidadosa guarda
62. “Participemos possivelmente às suas recreações e aos seus divertimentos, onde se conquista seus corações e a sua confiança.
63. Os religiosos da Sagrada Família educam, sobretudo, sendo uma presença viva no meio das crianças e dos jovens. A presença é a forma mais alta para manifestar o amor para com eles, para comunicar a misericordiosa paixão que Deus tem para o homem. A presença é antes de mais nada um gesto de amor, como o de um pai ou de uma mãe, como o de um irmão e amigo.
64. Para conhecer as crianças e os jovens è importante estar com elas, partilhar as suas preocupações, entrar nos seus discursos, oferecer nossa escuta, estar perto nas dificuldades. A presença educa também através do silencioso exemplo, da mansidão, da doçura.
65. A presença que sugere a fundadora, é como a do Anjo da Guarda: vigilante, atento, cuidadoso, nunca invasivo. É um socorro oferecido para o crescimento, uma presença paterna e materna que orienta, uma fraternidade que acompanha.
66. É uma presença preventiva que faz do conselho e do benévolo cuidado o instrumento para prevenir qualquer tipo de desvio.
Persuasão e amor
67. “Armemo-nos de grande caridade, paciência e prudência e procuremos que nos obedeçam por amor, que nos respeitem pela estima que lhe inspira, os nossos exemplos e a nossa conduta e que façam e empreendam qualquer coisa através da persuasão, mas nunca, nunca por temor, necessidade, ou sugestão.
68. A persuasão, para Paula Elisabete Cerioli, é um dos traços fundamentais do educador da Sagrada Família. A persuasão é a capacidade de levar o outro a fazer uma coisa mas, com doçura, sem constrangimento, sem violar e negligenciar sua liberdade.
69. O estilo do educador Sagrada Família deverá portanto, ser caracterizado por uma maneira doce com que se aproxima do educando, do gesto compassivo de quem acolhe e perdoa, da firmeza de quem quer ajudar o outro a abrir o próprio coração e a própria mente, do esforço para assumir a perspectiva do outro.
Espírito de Família
70. “Elas tem vocês como mães, e serieis cruéis se não as instruísseis, como amigas e serieis indignas se não abrísseis seu coração ao amor e à confiança”.
71. A oferta formativa dos centros educacionais da Sagrada Família caracteriza também pelo espírito de família que neles se respira. Cultivar e fazer crescer uma dinâmica relacional fundada sobre relacionamentos familiares quer dizer, tornar credível a tarefa contida nas figuras institucionais.
72. O educador da Sagrada Família também, reconhecendo a importância e a essencialidade, para o funcionamento de uma organização social, da clareza e da distinção dos respectivos cargos e, longe de cultivar uma forma decadente de tais figuras, trabalha para tornar mais transparente o elemento relacional que nele subjaz. Seja no relacionamento com os colegas seja, de modo particular, no relacionamento com as crianças, manifesta os traços mais altos da paternidade a da maternidade espiritual e promove um clima profundamente familiar.
73. A família é o contexto mais adequado para o crescimento de uma pessoa, é o ambiente natural onde construir sãos relacionamentos, abrir o coração e a mente à realidade, preparar-se para tornar-se protagonista no mundo.
74. A família é a casa da cultura, é o lugar de transmissão dos elementos simbólicos que compõem a cultura e o filtro através o qual uma pessoa lê e interpreta o mundo. As dinâmicas relacionais típicas da família são os instrumentos através dos quais a criança aprende a relacionar-se com o mundo inteiro. A necessidade de sentirem-se acolhidos e de ensinar a dar um nome á realidade, abre a possibilidade de toda aprendizagem.
75. O caráter materno que a escola deve exercitar evoca o cuidado, a atenção diante das crianças. Só quem é amado está na condição de poder amar. Como uma mãe ama o filho para que nele possa enraizar-se a confiança para com os outros, assim a escola deve amar a cada aluno para que nele possa desabrochar a confiança pelo mundo inteiro.
76. O caráter paterno que a escola deve exercitar evoca o sentido de uma ordem, de uma legalidade, de uma transparência que pode oferecer um futuro e uma esperança às crianças. Como um pai ajuda um filho a passar do seu pequeno mundo auto-centrado à um mundo de relacionamentos sociais maiores, assim a escola abre a um horizonte social e civil mais completo.
77. O ambiente educativo Sagrada Família é caracterizado por um clima familiar e por um caráter fraterno que permite às crianças e aos meninos de experimentarem a solidariedade da família humana e os ajuda a exprimir com serenidade e liberdade as suas potencialidades.
A segunda criação
78. “Observai então ao empenho e ao entusiasmo que deveis possuir. Trata-se antes de mais nada de dar às vossas…-diria se não acorro em erros- Filhas uma segunda criação. Irmãs Caríssimas, vejam a importância da nossa missão?, possais conhecê-la e relevar toda sua importância, onde cumpri-la, com generosidade, com amor e com constância”.
79. A afirmação surpreendente, julgada pela própria Fundadora quase blasfema, da educação como segunda criação, esconde em si significados ocultos de grandíssima importância. A assimilação das ações do educador ao gesto criador de Deus evoca antes de mais nada a extrema importância de cada gesto que o educador propõe. Como Deus doa a vida ao homem insuflando em suas narinas um hálito de vida assim o educador “re-doa a vida insuflando no coração do aluno um hálito, um sentido de vida. Neste meigo gesto existe, segundo a Fundadora, toda a eficácia de toda ação educativa.
Algumas virtudes características
80. A laboriosidade, a dedicação ao trabalho, a honestidade, a sinceridade e a solidariedade são só algumas das virtudes que a fundadora indica como essenciais na educação.
81. O educador da Sagrada Família, portanto, se põe generosamente à serviço das crianças e das suas famílias a sua competência profissional, o seu tempo e as suas energias físicas e espirituais compreendendo o trabalho de educador e de ensinar como uma vocação e não um mero trabalho.
Evangelho e educação
47. A educação, para o religioso da Sagrada Família, é a forma mais própria de viver e testemunhar o Evangelho. Através dela ele anuncia que a realização mais perfeita do homem consiste em configurar-se ao homem perfeito que é o próprio Cristo.
48. “Cristo que è o novo Adão, justamente ao revelar o mistério do Pai e do seu amor revela também plenamente o homem ao homem e lhe da a conhecer a sua altíssima vocação. Jesus trabalhou com mãos de homem, pensou com mente de homem, agiu com vontade de homem, amou com um coração de homem. Nascendo da Virgem Maria, ele se fez verdadeiramente um de nós em tudo semelhante, menos o pecado”.
49. Os religiosos da Sagrada Família, fiéis ao convite da sua fundadora de “estudar Jesus”, se esforçam em fazer própria a forma humana de viver de Jesus Cristo, renunciando a si mesmos e assumindo a cruz como modo de amar os outros até o fim, imitando seus próprios sentimentos e o seu estilo educativo. Isso significa ser capazes de aludir a Cristo com a palavra e o testemunho de vida, de abrir para compreensão do mistério, de fazer perceber a vida como uma vocação.
50. O modo de educar de Jesus assume traços normativos por cada cristão e mais ainda para um educador Sagrada Família: a sua perfeita coerência entre palavra e ação, o seu testemunhar através dos gestos, da abertura indiscriminada diante de cada homem, o cuidado pelos pequenos e pobres, a linguagem das parábolas.
51. Este estilo comunicativo relacional de Jesus, as parábolas, é o mesmo que tomou conta da nossa fundadora, porque o uso das imagens claras e concretas facilmente imprime-se no coração das pessoas simples a respeito, então, ela frisava: “para inculcar os seus preceitos, Jesus, escolheu a parábola que de rapidamente imprime-se no espírito do povo”.
A educação da pessoa
52. O fim de cada ação educativa do educador Sagrada Família é a educação da pessoa na sua integridade. Por pessoa entendemos o sujeito, que “tem fome e sede do ser” e este empenhado na “conquista da liberdade”. Por educação integral entendemos a promoção de todas as potencialidades humanas: físicas, emotivas, cognitivas, sociais, espirituais e religiosas.
53. “A dignidade do homem exige que ele possa agir de acordo com uma opção consciente e livre, movido e levado por convicção pessoal, e não por força de um impulso interno cego ou debaixo de mera coação externa. Mas esta dignidade, o homem a consegue quando, liberado de todo cativeiro das paixões, caminha para o seu fim pela escolha livre do bem, e procura eficazmente os meios aptos com sua diligente aplicação. Esta ordenação a Deus da liberdade do homem, ferida pelo pecado, não pode tornar-la plenamente ativa se não através o auxilio da graça de Deus”. GS 17.
54. Nenhuma condição humana, tal como pobreza, raça, religião, deficiência, doença ou outra, diminui ou reduz a dignidade de uma pessoa, pelo contrário, o estado de necessidade interpela de modo ainda mais audaz a manifestação de uma proximidade humana
55. A tarefa do educador Sagrada Família é testemunhar, com o perfil específico da cultura antropológica cristã, que o bem-estar psicofísico e espiritual de cada pessoa está na oportunidade de crescer o mais serenamente possível numa família e/ou num lugar educativo que se coloca ao lado dela para sustentá-la, iluminar e socorrer seu esforço formativo, porque este é o contexto mais idôneo para cada homem experimentar o amor e ser habilitado para se exprimir através de uma doação de amor.
56. A educação da pessoa tem no amor o seu meio e o seu fim.
A laicidade e o Evangelho
57. O serviço educativo oferecido pelos centros educativos e pela escolas da Sagrada Família tem um profundo caráter leigo. Enquanto guarda a inspiração cristã do seu empenho educativo, não se exime de cultivar a abertura “à universalidade e ao mistério” de cada pessoa.
58. A verdadeira laicidade manifesta-se em prestar socorro aos outros, todos, sem possuí-los, catalogá-los, usá-los. A Cerioli, Fundadora da Congregação da Sagrada Família, exprimiu na concretude de seu testemunho este tipo de laicidade. Inspirando-se ao mistério da Santa Família de Jesus Maria e José, lutou corajosamente para socorrer, para afirmar a igual dignidade de cada criatura indiferentemente da própria origem (todos filhos do mesmo Pai), para ir aos últimos sem futuro, para aprender a escutar deles o valor e o sentido do aspecto da solidariedade da existência humana.
59. Em nome desta laicidade cada situação gerenciada pela Sagrada Família acolhe indistintamente a todos, independentemente de religião, pertença social ou política, e de condição econômica.