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55 Gesù in Sinagoga F ZeffirelliEvangelho - Lc 1,1-4;4,14-21
 
1Muitas pessoas já tentaram escrever a história
dos acontecimentos que se realizaram entre nós,
2como nos foram transmitidos
por aqueles que, desde o princípio,
foram testemunhas oculares e ministros da palavra.
3Assim sendo, após fazer um estudo cuidadoso
de tudo o que aconteceu desde o princípio,
também eu decidi escrever de modo ordenado
para ti, excelentíssimo Teófilo.
4Deste modo, poderás verificar
a solidez dos ensinamentos que recebeste.
Naquele tempo:
4,14Jesus voltou para a Galiléia, com a força do Espírito,
e sua fama espalhou-se por toda a redondeza.

15Ele ensinava nas suas sinagogas e todos o elogiavam.
16E veio à cidade de Nazaré, onde se tinha criado.
Conforme seu costume, entrou na sinagoga no sábado,
e levantou-se para fazer a leitura.
17Deram-lhe o livro do profeta Isaías.
Abrindo o livro,
Jesus achou a passagem em que está escrito:
18'O Espírito do Senhor está sobre mim,
porque ele me consagrou com a unção
para anunciar a Boa Nova aos pobres;
enviou-me para proclamar a libertação aos cativos
e aos cegos a recuperação da vista;
para libertar os oprimidos
19e para proclamar um ano da graça do Senhor.'
20Depois fechou o livro,
entregou-o ao ajudante, e sentou-se.
Todos os que estavam na sinagoga
tinham os olhos fixos nele.
21Então começou a dizer-lhes:
'Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura
que acabastes de ouvir.'
Reflexão
No domingo passado falamos que o Natal representa um momento especial que tem a força de transformar a vida daqueles que o acolhem (transformar o tempo comum em tempo extraordinário). Transformando a vida do cristão o mistério do Natal revela também a verdadeira identidade da pessoa humana e as leituras de hoje nos ajudam a compreender essa identidade/missão. Portanto estas são as passagens: a) Natal (“O Verbo era a luz verdadeira que ilumina todo homem; ele vinha ao mundo” Jo 1,9); 2) transformação (“[...] deu o poder de se tornarem filhos de Deus” Jo 1,12); 3) identidade e 4) missão. Já explicamos a primeira passagem no domingo passado, portanto vamos ver as outras três. TRANSFORMAÇÃO. O encontro com Jesus (o Verbo) não é uma transformação “passiva”; depois de tê-lo encontrado a pessoa não é mais como antes. A primeira leitura nos narra o efeito do encontro com a Palavra de Deus: “[...] pois todo o povo chorava ao ouvir as palavras da Lei” (Ne 8,9). O que significam as lagrimas? As lagrimas manifestam que aquele acontecimento chegou até as entranhas daquelas pessoas operando uma mudança nelas. Quando em 2009 a Medugorje encontrei Jesus chorei desde as nove da manhã até a noite, porque aquele encontro tinha transformado as minhas “entranhas”. Isto é o efeito da verdadeira luz que deu o poder de se tornarem filhos de Deus. Essa “Luz” comunica “alguma coisa” que ilumina, renova e transfigura a pessoa e as lagrimas são a reação natural de quando si vive uma “emoção” única e indescritível. IDENTIDADE. A luz há a função de fazer luz. Portanto as lagrimas lavam e limpam a nossa interioridade, nos dando a possibilidade de ver aquilo que a luz nos trouxe. O que trouxe? A segunda leitura nos dá a resposta: “De fato todos nós, [...] fomos batizados num único Espírito, para formarmos um único corpo, e todos nós bebemos de um único Espírito” (1Cor 12,13). Isto significa que temos algo em comum com os chineses, com os africanos, com os australianos... mas também com as prostitutas, com os moradores de rua e com aqueles que consideramos “diversos”... São Paulo está nos dizendo que todo homem/mulher tem a mesma dignidade, a mesma identidade, a mesma “vocação”: filho de Deus. Ninguém decidiu quando nascer, onde nascer e como nascer. A vida é um dom que recebemos e o Verbo que no Natal se fez carne, nos está revelando o porquê da vida. Aqui temos uma linda surpresa: “Se o corpo todo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se o corpo todo fosse ouvido, onde estaria o olfato? De fato, Deus dispôs os membros e cada um deles no corpo, como quis” (1Cor 12,17-18). Cada um de nós representa um membro do mesmo corpo, mas todo membro há características próprias, talentos próprios e capacidades próprias. Para fazer o que? MISSÃO. A vida tem um sentido, uma direção e uma meta e no Evangelho de hoje o Verbo, a verdadeira Luz nos diz qual é essa meta. “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para anunciar a Boa Nova aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos cativos e aos cegos a recuperação da vista, para libertar os oprimidos e para proclamar um ano da graça do Senhor” (Lc 4,18-19). No Evangelho de João temos os mesmos conceitos: “Depois que lhes lavou os pés, retomou o seu manto, voltou à mesa e lhes disse: «Compreendeis o que vos fiz? Vós me chamais de Mestre e Senhor e dizeis bem, pois eu o sou. Se, portanto, eu, o Mestre e o Senhor, vos lavei os pés, também deveis lavar-vos os pés uns aos outros. Dei-vos o exemplo para que, como eu vos fiz, também vós o façais»” (Jo 13,12-15). Todas essas ações podem ser resumidas numa só: fazer o bem. A vocação da pessoa humana é amar (podemos fazê-lo porque Ele nos amou por primeiro -1Jo 4,10-), porque amando o outro se conhece e se realiza a si mesmo e todo santo dá testemunho disso. Vamos pedir a Deus, por intercessão de Maria a graça de saber reconhecer a maneira em que cada um de nós é chamado a amar. O bem que eu sou chamado a fazer ninguém pode fazê-lo em meu lugar e o mundo fica marcado pelo bem feito ou não feito. Se amaremos verdadeiramente, conseguiremos realizar um ano da graça do Senhor.