Agradeço e saúdo em primeiro lugar os superiores, na pessoa do pe. Roberto Maver, superior regional, e os mesmos religiosos Alexandre, Diego e Luis Fernando, ordenados diáconos daqui há pouco, que me convidaram: saúdo os padres concelebrantes, os religiosos e religiosas, os seminaristas, os formadores e diretores espirituais dos nossos jovens, parentes e amigos que vieram de longe, todo o povo de Deus, e de forma mais particular ainda os pais de Luis Fernando, Diego a Alexandre, que foram, sem dúvida, os primeiros animadores vocacionais dos nossos diáconos. Deus vos recompense sempre por ter doado vossos filhos para a Congregação e a igreja.
É tão pouco comum, sobretudo hoje em dia, e para uma congregação tão modesta como a nossa, ordenar 3 jovens na mesma celebração: já tivemos até ordenações mais numerosas, mas sabemos como, hoje a resposta vocacional a Deus é sempre menos generosa: esse evento quer nos dizer como e grande o amor que Deus tem para com a humanidade, mesmo quando esta não o quer ouvir, e como Deus é tão generoso para conosco hoje, aqui, que nos proporciona a alegria de uma igreja em festa.
É festa, mesmo sem bandeiras, imagino sem foguete em seguida, sem carreata, mas é festa pois o Espírito Santo de Deus nos visita de forma especial nessa celebração e nessa igreja particular de Assai, que acolheu a Congregação da Sagrada Família há muitos anos e que já nos presenteou com ordenações sacerdotais e religiosas. Obrigado, comunidade de Assaí!
É a festa que vê 3 jovens, já consagrados por meio dos votos religiosos, revestir-se do ministério do diácono, primeiro grau do sacramento da ordem, dando assim continuidade à riqueza dos carismas do Espírito. “Escolhei entre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, ... para confiar-lhes a tarefa do serviço das mesas ...” (Atos dos Apóstolos 6, 3-4, ouvimos na primeira leitura.
Embora o diaconato seja para vocês um momento transitório, uma passagem, a igreja vos lembra que sempre serão diáconos, mesmo quando serão ordenados sacerdotes, pois a fé cristã é uma vocação a servir, sempre. O Evangelho convida-nos, portanto, a todos, leigos, também, a viver o cristianismo em continua atitude de serviço. De forma mais particular, nós, seus discípulos, escolhidos por meio de uma especial vocação, somos chamados a servir: servir o evangelho, servir os pobres, servir a Deus e servir aos homens. Servindo enriquecemos os outros e damos sempre mais riqueza e significado à nossa própria vida. A caridade é o agir mais genuíno da fé. E nos tempos de hoje, tão marcados pelo egoísmo e pela cultura individualista da posse dos bens, a caridade precisa ser continuamente buscada, alimentada e vivida, a partir do nosso lugar habitual onde moramos e trabalhamos. A partir da nossa casa e nossa família.
Ensinava (e ainda ensina) Santa Paula com seus escritos (Diretório): "Não pensem, ... que a caridade consista só em fazer grandes coisas, deixando de lado os pequenos atos das virtude que são tão frequentes". E continuava: "Ó caridade, virtude preciosa, virtude divina, vínculo dos corações ... Bem-aventurado aquele Instituto (aquela casa, aquele lugar) onde o amor reina mútuo, vivo e perene! O Senhor colocará ali sua demora".
Caridade, portanto, não significa necessariamente doar algo de material, mas sim tempo, paciência, atenção, amor. Disponham-se sempre a servir, caros candidatos ao diaconato, mesmo quando a tendência é servir-se; façam-se servos quando o sonho humano é ser senhor e ser servido. Sejam sempre servidores; bons servidores
Alem da caridade, o vosso serviço como diáconos será também sempre ligado à mesa do Pão e da Palavra: o Pão que é a Eucaristia que cotidianamente interiorizarão, comungando, e em seguida distribuirão aos demais, e a Palavra é a Palavra de Cristo, o seu Evangelho, que somos chamados a viver, antes de proclamar e explicar: não podemos dar o que não temos: fidelidade a Cristo e à Sua Palavra seja sempre e em primeiro lugar ponto de partida e de chagada do vosso dia, do vosso ministério e da vossa vida. A fidelidade ao breviário vos ajudará a carregar o vosso espírito com as coisas de Deus.
O Evangelho que escolheram indica como deve ser vivido esse vosso novo estado de vida, isto é guardando os mandamentos e permanecendo no Amor a Cristo, e assim doar amor aos outros: "amai-vos uns aos outros", proclamamos e ouvimos.
A iniciativa de tudo, porém, é sempre de Jesus: “Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi”. Isso nos consola! Bastante! Quer dizer que os resultados do vosso e nosso ministério não dependem somente ou unicamente de nós, mas os frutos serão o resultado da nossa adesão, sim, mas sobretudo do desejo de Cristo: é Ele que garante para nós, quando nós não formos capazes de tão grande missão. É Ele que intervém quando não temos palavras suficientemente capazes de expressar o amor de Deus nas celebrações festivas do batismo ou casamentos, ou nas menos felizes na hora da tristeza, do sofrimento e do luto. Sobretudo ali, deverão estar presentes, dando aquele consolo como intermediários.
Não sempre é fácil, mas não foi assim, também, por Santa Paula? Ainda retomando as palavras dela encontramos: " não se desencorajem e não pensem um estado (falava da vida religiosa) superior às vossas forças. Pelo contrário, não existe um estado, que abraçado com firma resolução, seja mais fácil a ser praticado;(...) onde se veem abaixar as dificuldades que se encontram em cada momento, tornam-se aos poucos mais doces os sacrifícios e experimenta-se na alma o dom da paz, da tranquilidade e da alegria mais verdadeiras(Diretório).
Queridos Diego, Luis Fernando e Alexandre, nessa caminhada nunca estarão sozinhos: haverá sempre a mão estendida do coirmão que fadigou e suou com vocês nas provas da faculdade e no seminário, o abraço dos irmãos e religiosos mais experientes em idade, o conselho dos superiores e a intercessão de Santa Paula nossa fundadora. Haverá sempre essa assembleia que reza para e com vocês, para que possam ser sempre diáconos, a serviço do Resino de Deus em prol dos mais necessitados, como deseja o nosso carisma da Sagrada Família.
E para concluir com mais palavras de Santa Paula: "Aproveitai (...) deste bonito momento, olhai o Céu e elevai vossos pensamentos e vossos afetos ao Criador deste vasto universo; abri vosso coração ao amor e à gratidão para Aquele Ente Supremo, que criou tantas e tão estupendas maravilhas, e todas em benefício do homem. Entregai-vos a Ele, à sua gloria, a seu serviço, e tudo seja de estímulo para amá-Lo. Tudo, até os pássaros, cantam com sua linguagem as laudes de Deus".